É difícil não encontrar algo construído de forma colaborativa. Por exemplo, se você está lendo este post, é porque foi desenvolvido em colaboração, tanto em relação ao conteúdo quanto à plataforma WordPress em si.
Surpreso(a) !?
Então vamos ver mais sobre isso.
O movimento de colaboração ocorre sem percebermos. De maneira natural nos dispomos a participar de redes como, por exemplo, ao emprestar o açúcar à vizinha e, mais tarde, conseguir uma escada emprestada.
A diferença é que nos últimos tempos temos tido uma noção maior de como esse sistema pode nos beneficiar. Diminuição do consumo desenfreado, crescimento da capacidade de inovação e acesso do público a tecnologias são algumas das áreas mais interessantes em que vemos o poder das redes de colaboração.
A diminuição do consumo desenfreado
Este fenômeno acontece nos ambientes onde é percebido que o possuir não é tão imprescindível. A ideia aqui é que não necessariamente você precisa ter algo, mas acessar o valor que seria entregue ao possuir o objeto. Por exemplo: você talvez não precise ter uma furadeira em casa. Precisa apenas fazer furos para pendurar quadros. Num mundo do consumo desnecessário, você teria que comprar uma furadeira, brocas, buchas e parafusos. Entretanto, através de iniciativas como o Tem Açúcar?, você pega qualquer coisa emprestada (livros, ferramentas, caixa de som pra evento…), usa e devolve. Aqui na Inorama também privilegiamos isso. Por isso disponibilizamos ferramentas high e low tech para que você possa utilizar.
Com isso:
- você não tem tanto o gasto com a compra, material adicional (se for preciso) e tempo;
- A “coisa” usada tem uma vida útil que passa a ser estendida por não estar parada;
- você não precisa arrumar mais um espacinho no quartinho da bagunça pra entulhar a “coisa”(rsrsr).
E se, ao invés de uma furadeira, for um carro? Foi o que a Zipcar e o Streetcar pensaram e fizeram: um sistema de compartilhamento de carros extremamente conveniente tanto para a pessoa com um carro parado na garagem quanto para a pessoa que precisa usar o carro durante um período mas não quer gastar com manutenção, imposto etc. Aparentemente, é a mesma coisa que um aluguel comum de carros, porém, a diferença está na comodidade de alugar um carro que está próximo a você e poder deixar em estacionamentos remotos, além de poder modelar os custos sobre o aluguel (tempo de uso, datas…). Já o dono do carro passa a enxergar seu veículo como um ativo e não apenas um passivo monetário.
Agora, existe algo que é necessário eu falar nesse post:
Se você tem algum projeto, alguma ideia que queira desenvolver mas não tem recursos, a magia colaborativa te ajuda também! Já ouviu falar de crowdfunding, ou no bom português, Financiamento Coletivo?
É uma maneira de a galera ajudar numa espécie de vaquinha virtual que geralmente funciona assim: você se cadastra no site, lê os requisitos e formas de serviço disponíveis, submete um projeto e as pessoas que gostarem do projeto contribuem. Você pode oferecer algo em troca pra cada contribuição ou pra cada categoria de contribuição: um protótipo, um chaveiro… Muitos projetos saem deste tipo de iniciativa.
No Brasil, as plataformas de financiamento coletivo mais conhecidas são a Vakinha, o Catarse, a Benfeitoria, a Arte33 e o MeuFinanciamentoColetivo.
Com tantas possibilidades, vamos ver que o que nos segura no caminho das possibilidades somos nós. Nossa visão, um tanto limitada, nos condiciona a isso.
Formas variadas de trocar surgiram e estão crescendo, ainda mais com a abrangência da internet. Vou parar por aqui com esse tópico do post pois o conteúdo dele é extenso e vou continuar falando sobre outros benefícios.
Sendo assim, vamos ao próximo assunto. :^)
Acesso do público às novas tecnologias
Lembra que eu falei que o WordPress é uma plataforma construída por colaboração? Ela faz parte de um conjunto que cada dia vem ganhando mais espaço no desenvolvimento de tecnologias, são conhecidas como Tecnologias Livres.
As Tecnologias Livres são softwares, hardwares e sistemas que estão disponíveis às comunidades. Primeiro, saiba: não é porque o Software tem instalação gratuita que ele é open-source. A Wikipedia te ajuda a entender.
Se você está por dentro ou está interessado, alguns nomes que vou citar agora podem te parecer conhecidos (dizem que causam arrepios em algumas pessoas): Python, PHP, MySQL, Arduino, Ruby on Rails, Gimp, LaTex, NotePad++, Mozilla Firefox, Debian… são tecnologias livres (open-source), ou seja, o código é aberto e está disponível consultas e alterações.
Sabe o que isso quer dizer? Que meros mortais podem aprender, criar e desenvolver sobre o que já foi criado.
Essa possibilidade levou ao surgimento de comunidades online dedicadas ao que é livre e colaborativo. O que temos é um conjunto de pessoas de diversas nacionalidades, classes sociais, etnias, credos e gostos musicais contribuindo com criações que trazem ganho no uso para todos (é como uma Asgardia para as tecnologias livres).
Esse universo colaborativo do desenvolvimento de tecnologias abrange não só os softwares por serem virtuais mas, também, os hardwares.
Na parte de Hardware, temos tanto projetos “completos” de robótica e sistemas supervisórios como placas de prototipação: Arduino, Raspberry Pi, RepRap, BeagleBoard…
Todo dia um avanço é realizado no mundo colaborativo e o poder que podemos mostrar (e é perceptível) é no caso das impressoras 3D. Parece que não, mas a tecnologia foi desenvolvida há mais de 25 anos. O “BOOM” vem acontecendo porque a patente da tecnologia de FDM (Modelagem por Fusão e Deposição) expirou e rapidamente as características desta tecnologia foram copiadas, causando uma dispersão do conhecimento.
O exemplo da impressão 3D demonstra a grandiosa força do conhecimento livre (livre de patentes também!).
Para resumir
Se você quer desenvolver algum projeto – um escaneador a laser pra usar com a impressora 3D ou algo na área de Deep Learning – sugiro que em suas pesquisas você use “open source” de vez em quando.
O aumento da capacidade de inovação
Essa exposição de como o acesso tem se tornado algo mais tangível em questões de desenvolvimento tecnológico, me leva a pensar sobre o aumento da capacidade de inovação que, num ambiente de colaboração aberta, se torna mais real. Steven Johnson aborda isso em seu livro De onde vêm as boas ideias:
“ao examinarmos a inovação na natureza e na cultura, percebemos que ambientes que constroem muros em torno de boas ideias tendem a ser menos inovadores que ambientes mais abertos. Boas ideias podem não querer ser livres, mas querem se conectar, se fundir, se recombinar. Querem se reinventar transpondo fronteiras conceituais. Querem tanto se completar umas às outras quanto competir”, ou seja, estar num ambiente (não só físico mas num universo) onde a troca de opiniões pode acontecer, permite que nossa compreensão das coisas seja expandida a um novo horizonte.
Assim como as ligações entre os elementos químicos, as ideias passam por transformações e construções que apresentam alguma vantagem sobre o estado anterior.
Inovação não é uma maçã que cai na nossa cabeça e do nada nos traz uma “eureka!”: descobrir todo embasamento matemático/científico para construir algo rsrs… “Uma grande inovação é construída a partir de ideias preexistentes, ressignificadas por uma visão” como diz Jake Knapp no livro Sprint, e o legal dessa afirmação é que ela casa com uma ideia de Leonardo da Vinci de que “A simplicidade é o último grau da sofisticação” se pensarmos na evolução das criações. Por exemplo, um produto, a inovação surge de como encaramos o objeto, o seu uso o porquê e por aí vai, e quando efetivamos a inovação temos algo em que o uso é mais simples, melhor elaborado.
Isso ocorre devido às colisões de ideias, discussões e a reunião de experiências pessoais/profissionais diferentes, como os que acontecem em ambientes que provocam a criatividade: espaços de coworking, fablabs, makerspaces, co-business e até em empresas.
O que você pode fazer em relação a isso !?
Ora bolas… Se joga ! SÓ VEM!
Esse universo se molda a medida que mais pessoas contribuem: cada forma de pensar, cada análise, cada ambiente, cada experiência. E é essa diversidade que une grandes possibilidades de erro, falha e utilidades a produtos e serviços trazendo, assim, ganhos para toda comunidade.